29 de ago. de 2023

Barreira: da língua? ou da grafia?

 Já se deparou com algum documento, todo manuscrito, produzido por volta de 1600, 1700 ou 1800 e ___, e ficou sem saber por onde começar, para entender o que ali estava escrito?

Passado o "susto" inicial, tente identificar a língua em que o documento foi produzido (no caso das linhas disponibilizadas imediatamente abaixo, grafia da língua portuguesa, da forma como se escrevia no período em que o documento "desmontado" foi produzido por determinado escrivão!), tente criar um glossário com aquelas palavras que já conseguiu identificar, lembre-se que, às vezes, elas foram, ou pelo menos parecem grudadas uma às outras, o que não significa, necessariamente, de que formam uma palavra, que faça algum sentido, e siga tentando "desmontar" e "remontar", aquilo que parece ser aos seus olhos, até conseguir entender e encaixar todo o contexto que ali se apresenta!

Cada vez que muda o escrivão, significa que a grafia usada por ele também vai mudar, o que pode significar começar seu "estudo" de novo, do zero, até compreender como ele traça cada letra!!! Mesmo assim, não desanime, seja persistente!!! O resultado final, certamente, vai valer todo o empenho de, pelo menos ter tentado, mas se preferir, procure a ajuda de algum(a) paleógrafo(a) capaz de ajudar nessa tarefa, afinal ele(a) se dedica a isso e pode tirar de letra!












































© Elaboração e transcrição: MSc. Helena Remina Richlin.

15 de jul. de 2023

Paleografia: não importa a língua...

PALEOGRAFIA¹. [De pale(o)- + - grafia]. S.f. Ciência que tem por objetivo o estudo das escritas antigas, em qualquer espécie de material, e que compreende a decifração, a descoberta de erros na transmissão, a datação de textos, a atribuição de lugar de origem e interpretação, além de ocupar-se da própria história da escrita. [Está intimamente relacionada a outras ciências, como a codicologia, a diplomática, a epigrafia e a papirologia.] [V.  braquigrafia.]

GRAFIA¹. [De graf(o)- + -ia; fr. graphie] S.f. 1. Ortografia. 2. E. Ling. Sistema de escrita para a representação de uma língua; escrita.

[Do gr. - graphia < v. gr. gráphien, 'escrever'] El. Comp. = 'ação de escrever'; 'maneira de escrever ou de representar'; 'escrita'; 'descrição, tratado ou estudo'; 'reprodução gráfica'; 'registro'; caligrafia (< gr.) criptografia; ideografia; biografia; iconografia (< lat. < gr.); tipografia; cinematografia (< fr.).


PALEOGRAFIA². s.f. (Do gr. palaios, velho + graphein, escrever) 1. Ciência da escrita antiga. 2. Arte de decifrar escritos antigos. II Paleografia musical, arte de ler, transcrever, compreender as escritas musicais antigas.

ENCICL. A paleografia retraça a história da escrita e procura decifrar e datar os textos antigos. Hoje, a evolução morfológica das letras se estuda em função do modo do traçado (ductus) e do instrumento utilizado.

A letra capital grega estava presente nas origens das escritas ocidentais, e uma boa parte de nossas maiúsculas modernas de imprensa mantêm seu tipo exato. O uso do papiro vulgarizou, a partir do séc. III a. C., a escrita de tipo manual (cursiva). Posteriormente se desenvolveu uma escrita "de biblioteca", denominada uncial, que conheceu seu apogeu nos séculos V-VII, e à qual se seguiu, no séc. VIII, uma escrita, dita minúscula, bastante próxima da minúscula tipográfica moderna. A escrita romana teve uma evolução paralela, que se classificou pelos mesmos títulos: capital, cursiva, uncial e minúscula. Desde o séc. III a uncial latina sucedeu à capital. À medida que se separavam os domínios primitivamente romanos, apareciam escrituras chamadas "nacionais", surgidas da cursiva ou da uncial romanas: beneventina (Itália), visigótica (Espanha), insular (Irlanda, Grã-Bretanha). Durante o reinado de Carlos Magno, apareceu uma nova minúscula, chamada carolina. Nos séculos XIII e XIV expandiu-se a escrita gótica, e depois do séc. XV, a escrita minúscula humanística. No séc. XVI os impressores tornaram comum a carolina sob o nome de românica, e inventaram o itálico.

GRAFIA². s.f. (Do gr. graphein, escrever) 1. Representação escrita de uma palavra. 2. Ortografia. 3. A técnica usada para tornar escrita a comunicação entre os homens. (Há diferentes tipos de grafia, que dependem dos objetivos a serem atingidos e do tipo de sociedade que as usa.) II Grafia fonética, técnica de transcrição fonética para o registro escrito dos sons linguísticos, com a finalidade de fixar visualmente as realizações sonoras dos falantes de uma língua.


Estes diferentes tipos de grafia podem ser encontrados em todos os países, de acordo com a língua nacional adotada por cada um deles, e vai representar a forma de comunicação peculiar de cada época e de cada povo que estiver representando. Conforme ilustram as 'imagens' imediatamente a seguir, a técnica de 'decifração' pode ser aplicada a cada uma delas, sempre visando descortinar a forma de comunicação desenvolvida por cada nação, na data em que o documento foi produzido por determinado escrivão. O(a) paleógrafo(a) que vai se debruçar sobre o documento que lhe for encaminhado para 'decifrar', passará a representar graficamente (via grafia adotada por qualquer computador, ao qual tiver acesso), de modo fidedigno, o conteúdo que estiver sendo apresentado pelo documento manuscrito, sem quaisquer inferências ou julgamentos, apenas e tão somente 'reproduzindo' aquilo que está colocado diante de seus olhos. 

A transcrição resultante deste trabalho de 'decifração', realizada por profissional especializado, que demanda certa experiência, acuracidade visual e estudo comparativo da grafia de determinado documento, pode ser 'transferido' para o Google Tradutor, para o Linguee, para o Deepl Translate, ou para qualquer outra ferramenta de tradução disponível na Internet ou no mercado, ou mesmo repassada para qualquer pessoa de confiança, que detenha o conhecimento básico da língua a ser analisada, para confrontar o resultado da tradução apresentada pelo(a) tradutor(a) contratado(a), a fim de se certificar da confiabilidade e da ética empregada na realização do trabalho contratado.















Fontes pesquisadas:

¹FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. -- 3ª ed. totalmente revisada e ampliada. -- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. ISBN 85-209-1010-6

² LAROUSSE CULTURAL: Grande Enciclopédia Larousse Cultural. -- São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1998. ISBN 85-130-0772-2


(os manuscritos acima foram extraídos da documentação disponibilizada para pesquisa por parte do FamilySearch, apenas com o intuito de exemplificar os diversos manuscritos. Apenas o exemplo de francês e do latim são provenientes de pesquisadores que solicitaram pela transcrição.)




© Elaboração, transcrição e tradução: MSc. Helena Remina Richlin.