21 de fev. de 2015

A Tipografia e suas formas Estéticas


Buscando elementos que embasassem a denominação das grafias impressas e/ou manuscritas, que comumente se apresentam nos documentos e nos periódicos produzidos ao longo dos séculos nos mais diversos países, me deparei com alguns textos publicados na Internet, encontrei dois autores/estudiosos da tipografia. O primeiro, com o qual inicio esta postagem é Ericson Straub, que desenvolveu sua dissertação de mestrado sobre a Tipografia nos Meios Editoriais, cuja respectiva bibliografia se encontra ao final deste texto. O segundo autor é Juan-José Marcos Garcia, que nos traz não só o embasamento teórico a respeito das grafias, dentre as quais discorre sobre a evolução da escritura gótica, mas também nos propicia uma visualização desenhada das letras destes alfabetos difundidos até, pelo menos, o início do século XX, através de seu texto: "La escritura gótica", aqui apresentado em português e do qual extraí somente alguns trechos, que pode ser visualizado na integra por meio de mais um link disponibilizado ao final desta postagem, que pretende ser meramente elucidativa.


Através da dissertação de mestrado de STRAUB (2003), depreende-se que "a tipografia sempre esteve recheada de muito simbolismo. Em suas diversas formas estéticas estão inseridos a cultura de um povo que representa, a filosofia e o pensamento de uma instituição ou organização, e também os meios tecnológicos de reprodução de uma época.


Especificamente na tipografia gótica, ou “black letter”, [segundo ele], o simbolismo e ligação com o povo germânico fica muito mais evidente. Mesmo no início do século XX, quando a ordem era a modernidade, e a estética funcionalista começava a ditar as regras, mais tipos góticos com desenhos diferenciados eram desenvolvidos nas fundições alemãs e exportados para qualquer parte do mundo que tivesse algum resquício da cultura germânica. No Brasil, inúmeros livros, revistas e jornais foram impressos em tipos góticos e em alemão, especialmente no sul e em São Paulo.


No século VIII, quando Carlos Magno assume o reinado na Europa, o idioma e a expressão tipográfica alemã eram vistos como uma expressão popular, porém abafada pelas intenções de Carlos Magno de reviver os ideais humanistas do velho mundo, expressadas na minúscula carolíngia.

A influência estética da arquitetura gótica presente em diversos locais da Europa, bem como a necessidade da diminuição do espaço das escrituras, que até então utilizava as amplas e arredondadas formas da minúscula carolíngia, influenciaram a forma da tipografia gótica que era negra, apertada e angulosa. 

A primeira a ser utilizada, [de acordo com Straub] foi a gótica Textura, termo criado devido ao aspecto de tramas fechadas. Tinha uma disposição rígida, que diferenciava uma letra de outra somente por poucos traços. A bíblia de 42 linhas impressa por Gutenberg [por exemplo], utilizava os tipos Textura em suas páginas. 


Outros tipos Góticos como a Schwabacher ou Bastarda, considerada mais funcional e de execução mais ágil, devido a sua trajetória mais cursiva e menos rígida que a Textura, acaba se firmando como uma caligrafia popular", [que em GARCÍA [2004(?)] "é considerada uma versão curvilínea de "lettre bâtarde", que começou a ser usada na Alemanha e na Suíça por volta de 1480. A origem do nome permanece obscura; alguns supõe que foi desenhada por um tipógrafo/desenhista (grabador) da Vila de Schwabach, e [assim] ficou conhecida por "Schwabacher". Essa escritura combina características da Textura e da Rotunda, e portanto é uma escritura hibrida que contém elementos formais e informais. Ela também apresenta evidências do estilo renascentista.

As letras minúsculas são relativamente amplas, com ângulos duplos e com grande quantidade de elementos arredondados:




As letras maiúsculas são muito amplas, relativamente simples e com grande número de elementos arredondados:



[Em García, lê-se ainda, que] a Schwabacher predominou na Alemanha, de 1840 a 1530, sendo usada ocasionalmente até o século XX".

[Para Straub] "a Fraktur teve certamente influência do barroco sobre sua estética que era uma fusão entre a forma da Textura e da Schwabacher. Uma das principais características eram os traços metade retos e metade curvos em sua forma. Os ornamentos nos tipos maiúsculos e nos traços ascendentes e descendentes eram uma pequena prova da influencia barroca". [García afirma que] ""Fraktur" se refere a um estilo específico de letra gótica. Seu nome provém do latim fractus (quebrado [em suas linhas]), denominação que faz referência à ruptura que se produz nas linhas retas, ( ... ) denominadas de "escrituras rotas" (gebrochene Schriften).



IMAGEM DISPONIBILIZADA NO GOOGLE

As letras minúsculas - não são muito diferentes da Textura - eram muito estreitas, de ângulo duplo e com grande número de elementos caligráficos e adornos ( ...):




As letras maiúsculas são amplas e bastante sofisticadas, com elementos arredondados, traços caligráficos, laços e adornos:



( ... ) Por algum tempo, foi considerada um tipo "protestante", usada na Escandinávia, nos Países Baixos, na Suíça, na Áustria e em áreas limítrofes. Passou a ser substituída pela grafia "antiga" ( ... ) e, lentamente deixou de ser ensinada".

"A Rotunda, [de acordo com Straub], tinha uma ligação muito mais forte com o passado uncial, tendo em sua forma os traços mais arredondados que deixavam as letras mais amplas e legíveis.


A schwabacher ou bastarda, que originalmente era restrita a documentos na região norte da Europa, obtém seu status de importância na França, quando começam a ser impressos alguns livros, paralelamente também utilizada na região da Boêmia, Suíça e diversas regiões de predomínio germânico. A Rotunda além da Itália é também muito utilizada na Suíça. 




O IDIOMA COMO EXPRESSÃO DE UM POVO

A partir do final do século XIX as fundições alemãs aumentam consideravelmente a produção de tipos góticos com diferentes desenhos. Mesmo artistas art-nouveau  de importância como Peter Behrens e Otto Eckmann desenharam tipos baseados na Fraktur. A reafirmação da soberania do povo alemão de certa forma sempre buscou sua representação na gótica Fraktur. De tempo em tempo a gótica e em especial a Fraktur foi politizada como “o tipo da Alemanha”. Alguns estudiosos acham que os nazistas acabaram tirando a vida dos tipos góticos, quando os associaram com o nazismo.




A TIPOGRAFIA GÓTICA NOS MEIOS EDITORIAIS

Os imigrantes alemães que vieram para o Brasil no final do século XIX trouxeram muito de sua cultura. Para os germânicos assim como o idioma, a escrita, a tipografia  e os meios de comunicação eram um meio de resguardar sua cultura. No período de 1890 e 1940 existiram inúmeros jornais editados em alemão e impressos com tipos góticos. O jornal era um importante meio para deixar os alemães a par dos acontecimentos da terra natal, mas também traziam informações do que acontecia no Brasil e na cidade, estabelecendo um vínculo com a região".




BIBLIOGRAFIA pesquisada:


STRAUB, Ericson – A tipografia no meios editoriais de Curitiba – Dissertação de Mestrado – UFSC – PPGE-2003. Disponível em: http://www.abcdesign.com.br/por-assunto/teoria/a-tipografia-gotica-e-sua-identidade/. Pesquisado em: Fevereiro de 2015.

GARCÍA, Juan-José Marcos. La escritura gótica. Siglos XII-XV (XX) d.C. [Do Autor], [2004(?)]. Disponível em: http://guindo.pntic.mec.es/jmag0042/escritura_gotica.pdf. Pesquisado em: Fevereiro de 2015.


© MSc. Helena Remina Richlin

17 de fev. de 2015

Impressos & Manuscritos - em um mesmo documento II

Certidão de Nascimento
(imagem digital)



[Fonte: acervo de Nélio J. Schmidt]


***


TRANSCRIÇÃO da
Certidão de Nascimento

4tes Bl. E
Nº 13
Geburts-Akt

Im Jahre Tausend acht hundert zwey und dreissig* [1832], am einunddreissigsten [31.] des Monats März, um acht [8] Uhr des Morgens erschien vor mir dem Civilstands-Beamten der Bürgermeisterei Niederbrombach, im Amte und Fürstenthum Bierkenfeld, der Johann Karl Schmidt, wohnhaft zu Kronweiler, alt dreissig [30] Jahre, Ackermann seines [Standes(?)], zeigte mir ein Kind von männlichen Geschlecht vor, und erklärte, dass dasselbe in Kronweiler am dreissigsten [30.] des Monats März um zehn Uhr des Morgens von ihm [....t(?)] Johann Karl Schmidt, Ackermann, wohnhaft zu Kronweiler und seiner Frau Marie Elisabeth, geboren[e] Kunz erzeugt worden sey, dass dieselben diesem ihrem Kinde die Vornamen Johannes Nicol geben wollten.

Nachdem gedachte Vorzeigung des Kindes und obige Erklärung in Gegenwart zweier Zeugen, nämlich: des [Seter(?) [oder] Peter(?)] [Krammenauer(?) [oder] Krummenauer(?)], alt neunundfünfzig [59] Jahre, Hufschmied seiner [Profession(?)], wohnhaft zu Oberbrombach, und des Johann Nicol Hartenberger [jung(?)], alt einundzwanzig [21] Jahre, Ackermann seines Standes, wohnhaft zu Oberbrombach geschehen war, so habe ich über alles dieses in gegenwart des Vorzeigers des Kindes und der Zeugen gegenwärtigen Akt in doppeltem Original aufgesetzt, welche nach Vorlesung derselben vom Vorzeiger des Kindes, den Zeugen und mir unterschrieben wurden.

So geschehen zu Oberbrombach am Tage, Monat und Jahre wie oben.


Unterschrift des ersten Zeugen:
[Seter(?) [oder] Peter(?)] [Krammernauer(?) [oder] Krummernauer(?)]

Unterschrift des zweiten Zeugen:
Johann N. Hartenberger

Unterschrift des Vorzeigers des Kindes:
Joh. Karl Schmidt

Der Civilstands-Beamte von Niederbrombach:
[unleserliche Unterschrift]




*Em todas as palavras que originalmente seriam escritas com β, a grafia deste foi substituída por “ss”.



***


TRADUÇÃO da
4ª Folha E
Nº 13


Certidão de Nascimento[1]

No ano de 1832, aos 31 dias do mês de março, às 8 horas da manhã, vieram diante mim, oficial do registro civil da Prefeitura de Niederbrombach[2], distrito governamental e principado de Birkenfeld, Johann Karl Schmidt, morador de Kronweiler[3], com idade de 30 anos, agricultor [de sua localidade(?)][4] e apresentou-me uma criança de sexo masculino e declarou que a mesma nasceu em Kronweiler, no trigésimo [30] dia do mês de março, às dez horas da manhã, gerado [pelo já citado(?)] Johann Karl Schmidt, morador de Kronweiler e por sua esposa Marie Elisabeth, nascida Kunz, e que os mesmos desejavam dar o nome de Johannes Nicol ao seu filho.

Uma vez diante da criança e da declaração acima, na presença de duas testemunhas, a saber: [Seter(?) [ou] Peter(?)] [Krammenauer(?) [ou] Krummenauer(?)], 59 anos, ferrador de profissão em sua localidade, morador de Oberbrombach, e de Johann Nicol Hartenberger, [jovem(?)] de 21 anos, lavrador de profissão em sua localidade, morador de Oberbrombach, discorri sobre tudo isso, na presença da pessoa que me apresentou a criança e das testemunhas, nesta certidão original redigida em dobro/duas vias, sendo que a mesma foi assinada pela pessoa que me apresentou a criança, pelas testemunhas e por mim, após a leitura de seu teor.

Aconteceu assim em Oberbrombach, no dia, mês e anos acima citados.

Assinatura da primeira testemunha:
[Seter(?) [ou] Peter(?)]  [Krammernauer(?) [ou] Krummenauer(?)]

Assinatura da segunda testemunha:
Johann N. Hartenberger

Assinatura da pessoa que apresentou a criança:
Joh. Karl Schmidt

Assinatura do oficial do registro civil de Niederbrombach:
[Assinatura ilegível]





[1] Nota da Tradutora: Esta certidão de nascimento (imagem digital, publicada acima) foi autorizada para a publicação a título ilustrativo por Nélio J. Schmidt, administrador do Grupo “Genealogia RS” existente no Facebook. O contato, pedindo a autorização de uso da imagem digital, feito por e-mail, foi realizado em fevereiro de 2015.
[2] N.T.: Município da Alemanha, localizado no distrito de Birkenfeld, Estado da Renânia-Platinado.
[3] N.T.: Município da Alemanha, localizado no distrito de Birkenfeld, Estado da Renânia-Platinado.
[4] N.T.: As palavras encontradas entre [ .... (?)], seguidas de um ponto de interrogação, são as que deixaram dúvidas com relação à sua grafia, devido a difícil entendimento do que foi escrito e/ou eventual distorção da imagem digital do documento transcrito/traduzido.

15 de fev. de 2015

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13 de fev. de 2015

Impressos & Manuscritos - em um mesmo documento I

Certidão de Casamento
(imagem digital do original)

[Fonte: acervo de Tiago Copetti]


[Fonte: acervo de Tiago Copetti]


***


TRANSCRIÇÃO da
Certidão de Casamento


Heirats-Akt

Im Jahre ein tausend acht hundert drei und dreissig* [1833], am siebenten [7.] des Monats Januar, um drei [3] Uhr Nachmittags erschienen vor mir Heinrich Schommer Bürgermeister vom Civilstandsbeamter der Bürgermeisterei Berncastel, im Kanton Berncastel, Regierungsbezierk Trier, einer Seits der 
Peter Anton Koch 
gemäss vorgelegtem Geburtsakte, alt sechsundzwanzig [26] Jahre, geboren zu Mainz am sechszehnten [16.] des Monats August des Jahres ein tausend acht hundert und sechs [1806], von Gewerbe ein Kammmacher, wohnhaft zu Berncastel, grossjähriger Sohn des [Donates(?)] Joseph Koch, von Gewerbe ein Schreiner, wohnhaft zu Berncastel, hier gegewärtig und in diese Heirath eigenwilliger erklärend, und der Ehefrau desselben Maria Anna Schmitt, ohne gewerbe, wohnhaft zu Berncastel, daselbst verstorben am seibenzehnten [17.] Juni des Jahres ein tausend acht hundert sieben und zwanzig [1827] laut vorbringenden Starbregister.

Anderer Seits die Catharina Barbara Hollaender, 
gemäss vorgelegtem Geburtsschein akte, alt einunddreissig [31] Jahre, geboren zu Marktbreit am neunzehnten [19.] des Monats April des Jahres ein tausend acht hundert und eins [1801], ohne Gewerbe, wohnhaft zu Berncastel, grossjährige Tochter des Johann Daniel Hollaender, von Gewerbe ein Kammacher, wohnhaft zu Marktbreit, daselbst verstorben am neunzehnten [19.] October des Jahres ein tausend acht hundert ein und dreissig [1831], laut vorgezeigtem Todtenschein und der Ehefrau desselben Anna Catharina Beihsbart, ohne Gewerbe, wohnhaft zu Marktbreit, welche gemäss Akte des [Taufbuch(?)] des [Schwargrebergischen(?)] Herrschaftsgerichts zu Marktbreit vom dreiundzwanzigsten [23.] November ein tausend acht hundert zwei und dreissig [1832] der beabsichtigten Verehelichung ihrer erwähnten Tochter ihrer Einwilligung ertheilt hat, und welchen Akt hier [be(?)tuget] ist und fordeten mich auf, zur vollziehung der von ihnen beabsichtigten Ehe vorzuschreiten, indem nach dem geschehenen Eheverkündigungen, wovon die erste Sonntags den achtzehnten [18.] des Monats November im Jahre ein tausend acht hundert zwei und dreissig [1832], um zehn [10] Uhr des Morgens, Nº 160, und die zweite Sonntags den [fünfundzwanzigsten(?)] [25.(?)] des Monats November ein tausend acht hundert zwei und dreissig [1832], des Morgens zehn [10] Uhr, Nº 161 des Eheverkündigungs-Registers, zu Berncastel, und laut hier eingefügtem ledigschein des Königlich [be(?)schen] Pfareramt zu Marktbreit vom einunddreissigsten [31.] Oktober ein tausend acht hundert zwei und dreissig [1832], zu Marktbreit in der dort üblichen [(?)] statt gehabt hat, keine Hindernisse oder sonstige Einsprüche dagegen vorgebracht seyen.

[transcrição da página seguinte (3)]

Da mir auch wirklich keine Einsprüche gegen diese Ehe zugestellt sind, die Künftige Eheleute sich auch laut der vorstehenden zustimmenden Erklärung des [Vaters(?)] des Bräutigams und laut Einsicht des erwähnten einwilligungsakts der Braut ihrer Mutter und dem Todtenschein wegen der erforderlichen Einwilligung und desfallsigen ehrerbietigen Antrags ausgewiesen haben; da ferner alle durch das Gesetz vorgeschriebenen Formen beobachtet wurden, so wie es aus dem oben Angeführten erhellt, so habe ich, der Beamte des Civilstandes von Berncastel, nachdem ich alle in diesem Akte angeführten Schriften, so wie das VI Kapitel des Titels von der Heirath, über die wechselseitigen Rechte und Pflichten der Ehegatten, wörtlich vorgelesen hatte, den Bräutigam Peter Anton Koch gefragt, ob er die Braut Catharina Barbara Hollaender zur Frau nehmen wolle, eben so habe ich die Braut Catharina Barbara Hollaender gefragt, ob sie den Bräutigam Peter Anton Koch zum Manne nehmen wolle, und da beide auf die an sie gerichteten Fragen mit Ja antworteten, so habe ich die benannten Peter Anton Koch und Catharina Barbara Hollaender im Namen des Gesetzes von nun an als im Stande der Ehe vereint erklärt. Worüber ich gegenwärtigen Akt im Beiseyn von vier Zeugen in doppeltem Original aufgesetzt, nämlich:
1stens, des Wilhelm Weinem, von Gewerbe ein Schlosser, alt dreiundvierzig [43] Jahre, wohnhaft zu Berncastel, nicht verwandt mit der Partinen.
2tens, des Johann Jakob Herdt, von Gewerbe ein Seifensinder, alt achtundvierzig [48] Jahre, wohnhaft zu Berncastel, nicht verwandt mit der Partinen.
3tens, des Martin Rottmann, von Gewerbe ein Buchbinder, alt achtundsiebenzig [78] Jahre, wohnhaft zu Berncastel, nicht verwandt mit der Partinen.
4tens, des Wilhelm Heuer, von Gewerbe ein Schneider, alt dreissig [30] Jahre, wohnhaft zu Berncastel, nicht verwandt mit der Partinen.
Welche Zeugen mit den zusammengegebenen Ehegatten und mir, nach gehaltener Vorlesung, diesen Akt unterschrieben haben.

So geschehen zu Berncastel in dem Gemeinde-Hause der Bürgermeisterei
Berncastel, am Tage, Monat und Jahre wie oben.


[Unterzeichnungen]


* Em todas as palavras que originalmente seriam escritas com β, a grafia deste foi substituída por "ss".




***


TRADUÇÃO da

Certidão de Casamento[1]

No ano de 1833, aos 7 dias do mês de janeiro, às 3 horas da tarde, vieram diante mim, Heinrich Schommer, Prefeito e escrivão do cartório civil da Prefeitura de Berncastel, Cantão de Berncastel[2], distrito governamental de Trier[3], por um lado 
Peter Anton Koch, 
que de acordo com a certidão de nascimento apresentada, tem 26 anos, nasceu a 16 de agosto de 1806 em Mainz. É de ofício um construtor de pentes, morador de Berncastel, filho maior de idade, de   [(?)][4]   Joseph Koch, marceneiro, morador de Berncastel, aqui presentes, se dizendo dispostos a casar, bem como a esposa do mesmo Maria Anna Schimitt, sem profissão, moradora de Berncastel, falecida aos 17 de junho de 1827, de acordo com a certidão de óbito apresentada. 

Por outro lado, Catharina Barbara Hollaender, 
que de acordo com a certidão de nascimento apresentada, tem 31 anos, nascida em Marktbreit em 19 de abril de 1801, sem profissão, moradora de Berncastel, filha maior de idade de Johann Daniel Hollaender. É de ofício um construtor de pentes, morador de Marktbreit, lá falecido a 19 de outubro de 1831, de acordo com a certidão de óbito apresentada, e a esposa do mesmo, Anna Catharina [Beihsbart(?)], sem profissão, moradora de Marktbreit, que de acordo com o registro de [batismo(?)] original de [Schwargrebergisch(?)] do tribunal de Marktbreit, de 23 de novembro de 1832, tem a intenção de fazer o casamento civil de sua mencionada filha e para tanto dão seu consentimento neste ato aqui [firmado(?)], e me pediram para realizar o desejado casamento, ao que, após o anúncio das núpcias, o primeiro do qual, ocorrido no domingo, 18 de novembro de 1832, às 10 horas da manhã, sob o nº 160, e o segundo, ocorrido no domingo, [25(?)] de novembro de 1832, às 10 horas da manhã, sob o nº 161 do registro de casamento civil de Berncastel, de acordo com as certidões emitidas, como de praxe, pelo pároco do reino de Marktbreit, emitidas em 31 de outubro de 1832, que declaram que ambos são solteiros, e que me foram apresentadas, e não havendo impedimento e/ou quaisquer protestos que impeçam sua realização, este foi realizado.

[tradução da página seguinte (3)]

Como realmente não me foram apresentados quaisquer recursos que atestem contra este casamento, os futuros cônjuges também se declararam a favor da explanação apresentada pelo [pai(?)] do noivo e da já mencionada certidão de consentimento da mãe da noiva, bem como da certidão de óbito exigida devido ao pedido de consentimento, e como tudo foi observado de acordo com o que a forma da Lei determina, esclarecidos os fatos acima mencionados, então eu, funcionário oficial de Berncastel, depois de ter lido, verbalmente, tudo o que consta deste original, bem como o capítulo VI da Lei de Matrimônio, na qual constam os direitos e obrigações mútuos de cada um dos cônjuges, e perguntado ao noivo Peter Anton Koch, se quer receber a noiva Catharina Barbara Hollaender por sua esposa, assim como perguntei  para a noiva Catharina Barbara Hollaender, se quer receber o noivo Peter Anton Koch como seu esposo, e os dois responderam que sim às perguntas que lhes foram feitas, declarei-os casados em nome da Lei. Sobre o que apresento a presente certidão original, redigida em dobro/duas vias na presença de quatro testemunhas, a saber:
1º, Wilhelm  Weinem, serralheiro, 43 anos, residente em Berncastel, não relacionado ao casal.
2º, Johann Jakob Herdt, fabricante de sabonete/sabão, 48 anos, residente em Berncastel, não relacionado ao casal.
3º, Martin Rottmann, encadernador, 78 anos, residente em Berncastel, não relacionado ao casal.
4º, Wilhelm Heuer, talhador/costureiro, 43 anos, residente em Berncastel, não relacionado ao casal.
Sendo que as testemunhas e o casal assinaram a certidão comigo, depois da leitura de seu teor.

Aconteceu assim em Berncastel, no centro comunitário da Prefeitura.
Berncastel, no dia, mês e anos acima citados.

[Assinaturas]




[1] Nota da Tradutora: Esta certidão de casamento (imagem digital da original, publicada acima/duas páginas) foi autorizada para a publicação a título ilustrativo por Tiago Copetti, participante do Grupo “Genealogia RS” existente no Facebook. O contato, pedindo a autorização de uso da imagem digital, feito por meio de mensagem enviada pelo Facebook, foi realizado em fevereiro de 2015.
[2] N.T.: Município da Alemanha.
[3] N.T.: Cidade histórica da Alemanha, localizada no estado da Renânia-Platinado.
[4] N.T.: Palavras encontradas entre [ ... (?)], seguidas de um ponto de interrogação, são as que deixaram dúvidas com relação à sua grafia, devido a difícil entendimento do que foi escrito e/ou eventual distorção da imagem digital do documento transcrito/traduzido.


7 de fev. de 2015

Tradução Intralingual

Nesse trecho, Barthes repudia a comparação entre crítica e tradução porque se refere a esta como a transposição final e única de uma palavra ou expressão para outro sistema linguístico, o que revela uma concepção limitada da atividade tradutória. A tradução pode e, em muitos casos,deve ser perífrase e, portanto, implica em uma interpretação, uma leitura pessoal, como já explicava Jakobson em “Aspectos linguísticos da tradução”:

A tradução intralingual de uma palavra utiliza outra palavra, mais ou menos sinônima, ou recorre a um circunlóquio. (...) Da mesma forma, na tradução interlingual, não há comumente equivalência completa entre as unidades de código, ao passo que as mensagens podem servir como interpretações adequadas das unidades de código ou mensagens estrangeiras. (...) Mais frequentemente, entretanto, ao traduzir de uma língua para outra, substituem-se mensagens em uma das línguas, não por unidades de código separadas, mas por mensagens inteiras de outra língua. Tal tradução é uma forma de discurso indireto: o tradutor recodifica e transmite uma mensagem recebida de outra fonte. Assim, a tradução envolve duas mensagens equivalentes em dois códigos diferentes. (1995, p. 65)

Portanto, apesar do discurso oposto, Barthes, em sua teoria e prática da crítica aproxima-se do conceito de tradução de Campos, pois esta, entendida como uma atividade criadora e crítica ao mesmo tempo, permite que os três conceitos – texto literário, crítica e tradução – se imbriquem.

Para Itamar Even-Zohar as traduções não podem ser vistas fora de um sistema cultural, como ele explica:
               
 My argument is that translated works do correlate in at least two ways: (a) in the way their source texts are selected by the target literature, the principles of selection never being uncorrelatable with the home co-systems of the target literature (to put it in the most cautious way); and (b) in the way they adopt specific norms,behaviors, and policies – in short, in their use of the literary repertoire – which results from their relations with the other home co-systems. 


In: Brandini, Laura Taddei. ROLAND BARTHES NO BRASIL, VIA TRADUÇÕES. Cad. Trad., Florianópolis, nº 34, p. 120-141, jul./dez. 2014. ISSN 2175-7968. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/36267/28208>. doi: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2014v2n34p120. Acesso em: Fev. 2015.


© Helena Remina Richlin