Buscando elementos que embasassem a denominação das grafias impressas e/ou manuscritas, que comumente se apresentam nos documentos e nos periódicos produzidos ao longo dos séculos nos mais diversos países, me deparei com alguns textos publicados na Internet, encontrei dois autores/estudiosos da tipografia. O primeiro, com o qual inicio esta postagem é Ericson Straub, que desenvolveu sua dissertação de mestrado sobre a Tipografia nos Meios Editoriais, cuja respectiva bibliografia se encontra ao final deste texto. O segundo autor é Juan-José Marcos Garcia, que nos traz não só o embasamento teórico a respeito das grafias, dentre as quais discorre sobre a evolução da escritura gótica, mas também nos propicia uma visualização desenhada das letras destes alfabetos difundidos até, pelo menos, o início do século XX, através de seu texto: "La escritura gótica", aqui apresentado em português e do qual extraí somente alguns trechos, que pode ser visualizado na integra por meio de mais um link disponibilizado ao final desta postagem, que pretende ser meramente elucidativa.
Através da dissertação de mestrado de STRAUB (2003), depreende-se que "a tipografia sempre esteve recheada de muito simbolismo. Em suas diversas formas estéticas estão inseridos a cultura de um povo que representa, a filosofia e o pensamento de uma instituição ou organização, e também os meios tecnológicos de reprodução de uma época.
Especificamente na tipografia gótica, ou “black letter”, [segundo ele], o simbolismo e ligação com o povo germânico fica muito mais evidente. Mesmo no início do século XX, quando a ordem era a modernidade, e a estética funcionalista começava a ditar as regras, mais tipos góticos com desenhos diferenciados eram desenvolvidos nas fundições alemãs e exportados para qualquer parte do mundo que tivesse algum resquício da cultura germânica. No Brasil, inúmeros livros, revistas e jornais foram impressos em tipos góticos e em alemão, especialmente no sul e em São Paulo.
No século VIII, quando Carlos Magno assume o reinado na Europa, o idioma e a expressão tipográfica alemã eram vistos como uma expressão popular, porém abafada pelas intenções de Carlos Magno de reviver os ideais humanistas do velho mundo, expressadas na minúscula carolíngia.
A influência estética da arquitetura gótica presente em diversos locais da Europa, bem como a necessidade da diminuição do espaço das escrituras, que até então utilizava as amplas e arredondadas formas da minúscula carolíngia, influenciaram a forma da tipografia gótica que era negra, apertada e angulosa.
A primeira a ser utilizada, [de acordo com Straub] foi a gótica Textura, termo criado devido ao aspecto de tramas fechadas. Tinha uma disposição rígida, que diferenciava uma letra de outra somente por poucos traços. A bíblia de 42 linhas impressa por Gutenberg [por exemplo], utilizava os tipos Textura em suas páginas.
As letras minúsculas são relativamente amplas, com ângulos duplos e com grande quantidade de elementos arredondados:
[Para Straub] "a Fraktur teve certamente influência do barroco sobre sua estética que era uma fusão entre a forma da Textura e da Schwabacher. Uma das principais características eram os traços metade retos e metade curvos em sua forma. Os ornamentos nos tipos maiúsculos e nos traços ascendentes e descendentes eram uma pequena prova da influencia barroca". [García afirma que] ""Fraktur" se refere a um estilo específico de letra gótica. Seu nome provém do latim fractus (quebrado [em suas linhas]), denominação que faz referência à ruptura que se produz nas linhas retas, ( ... ) denominadas de "escrituras rotas" (gebrochene Schriften).
IMAGEM DISPONIBILIZADA NO GOOGLE
As letras minúsculas - não são muito diferentes da Textura - eram muito estreitas, de ângulo duplo e com grande número de elementos caligráficos e adornos ( ...):
"A Rotunda, [de acordo com Straub], tinha uma ligação muito mais forte com o passado uncial, tendo em sua forma os traços mais arredondados que deixavam as letras mais amplas e legíveis.
A schwabacher ou bastarda, que originalmente era restrita a documentos na região norte da Europa, obtém seu status de importância na França, quando começam a ser impressos alguns livros, paralelamente também utilizada na região da Boêmia, Suíça e diversas regiões de predomínio germânico. A Rotunda além da Itália é também muito utilizada na Suíça.
O IDIOMA COMO EXPRESSÃO DE UM
POVO
A partir do final do século XIX as fundições alemãs aumentam consideravelmente a produção de tipos góticos com diferentes desenhos. Mesmo artistas art-nouveau de importância como Peter Behrens e Otto Eckmann desenharam tipos baseados na Fraktur. A reafirmação da soberania do povo alemão de certa forma sempre buscou sua representação na gótica Fraktur. De tempo em tempo a gótica e em especial a Fraktur foi politizada como “o tipo da Alemanha”. Alguns estudiosos acham que os nazistas acabaram tirando a vida dos tipos góticos, quando os associaram com o nazismo.
A
TIPOGRAFIA GÓTICA NOS MEIOS EDITORIAIS
Os imigrantes alemães que vieram para o Brasil no final do século XIX trouxeram muito de sua cultura. Para os germânicos assim como o idioma, a escrita, a tipografia e os meios de comunicação eram um meio de resguardar sua cultura. No período de 1890 e 1940 existiram inúmeros jornais editados em alemão e impressos com tipos góticos. O jornal era um importante meio para deixar os alemães a par dos acontecimentos da terra natal, mas também traziam informações do que acontecia no Brasil e na cidade, estabelecendo um vínculo com a região".
BIBLIOGRAFIA pesquisada:
STRAUB, Ericson – A tipografia no meios editoriais de Curitiba – Dissertação de Mestrado – UFSC – PPGE-2003. Disponível em: http://www.abcdesign.com.br/por-assunto/teoria/a-tipografia-gotica-e-sua-identidade/. Pesquisado em: Fevereiro de 2015.
GARCÍA, Juan-José Marcos. La escritura gótica. Siglos XII-XV (XX) d.C. [Do Autor], [2004(?)]. Disponível em: http://guindo.pntic.mec.es/jmag0042/escritura_gotica.pdf. Pesquisado em: Fevereiro de 2015.
© MSc. Helena Remina Richlin
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