7 de fev. de 2015

Tradução Intralingual

Nesse trecho, Barthes repudia a comparação entre crítica e tradução porque se refere a esta como a transposição final e única de uma palavra ou expressão para outro sistema linguístico, o que revela uma concepção limitada da atividade tradutória. A tradução pode e, em muitos casos,deve ser perífrase e, portanto, implica em uma interpretação, uma leitura pessoal, como já explicava Jakobson em “Aspectos linguísticos da tradução”:

A tradução intralingual de uma palavra utiliza outra palavra, mais ou menos sinônima, ou recorre a um circunlóquio. (...) Da mesma forma, na tradução interlingual, não há comumente equivalência completa entre as unidades de código, ao passo que as mensagens podem servir como interpretações adequadas das unidades de código ou mensagens estrangeiras. (...) Mais frequentemente, entretanto, ao traduzir de uma língua para outra, substituem-se mensagens em uma das línguas, não por unidades de código separadas, mas por mensagens inteiras de outra língua. Tal tradução é uma forma de discurso indireto: o tradutor recodifica e transmite uma mensagem recebida de outra fonte. Assim, a tradução envolve duas mensagens equivalentes em dois códigos diferentes. (1995, p. 65)

Portanto, apesar do discurso oposto, Barthes, em sua teoria e prática da crítica aproxima-se do conceito de tradução de Campos, pois esta, entendida como uma atividade criadora e crítica ao mesmo tempo, permite que os três conceitos – texto literário, crítica e tradução – se imbriquem.

Para Itamar Even-Zohar as traduções não podem ser vistas fora de um sistema cultural, como ele explica:
               
 My argument is that translated works do correlate in at least two ways: (a) in the way their source texts are selected by the target literature, the principles of selection never being uncorrelatable with the home co-systems of the target literature (to put it in the most cautious way); and (b) in the way they adopt specific norms,behaviors, and policies – in short, in their use of the literary repertoire – which results from their relations with the other home co-systems. 


In: Brandini, Laura Taddei. ROLAND BARTHES NO BRASIL, VIA TRADUÇÕES. Cad. Trad., Florianópolis, nº 34, p. 120-141, jul./dez. 2014. ISSN 2175-7968. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/36267/28208>. doi: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2014v2n34p120. Acesso em: Fev. 2015.


© Helena Remina Richlin

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