11 de out. de 2014

Conceito de traduzibilidade ...

  ... O conceito de traduzibilidade, da forma como é posto por Benjamin, constitui um conceito atravessado pelo influxo melancólico: ele pressupõe a aceitação de uma distância, de uma separação de um fundo textual reconhecido como anterior, [o que] implica na destruição voluntária desse texto anterior e sua reconstituição, em outro tempo, em outra língua, em outra cultura, enfim em uma situação de alteridade ou outridade radical.
[ ...]
Não por acaso, pois, Benjamin irá ligar a traduzibilidade à questão de definir [ ... ] o que vem a ser esse processo e o produto desse processo denominado tradução. [ ... ] Defenderá a ideia de tradução como um transplante para um terreno "ironicamente" mais definitivo, a partir do qual o original não poderá mais continuar a migrar, sob pena de se transformar em outro: original de original, portanto um não original, uma falsificação.
[ ... ]
        Cada língua se comunica a si mesma; ou melhor, cada língua se comunica a si mesma, em si mesma. Em realidade, ela é o meio de comunicação.


Toury refere que a traduzibilidade é parte integrante do processo de tradução. A traduzibilidade pode ser condicionada perante o que se escolhe como invariante na entidade semiótica, e quando existe mudança ou não de canal durante a transmissão da mensagem, e será mais elevada mediante estas cinco condições:

·    1) A traduzibilidade é alta quando um par de linguagens é do mesmo tipo ou família linguística;
·    2) A traduzibilidade é alta quando existiu uma evolução cultural em linhas paralelas, mesmo quando não existiu contacto directo;
·    3) A traduzibilidade é alta quando existe contacto entre duas línguas, mesmo que não sejam do mesmo tipo;
·    4) A traduzibilidade é alta quando existe apenas um tipo de informação a ser traduzida, e diminui com a existência de outros tipos de informação e/ou com o grau de complexidade da informação dentro do texto;
·  5) A traduzibilidade é alta quando a diferenciação sistêmica intrínseca (dialectal, registo, estilística) produz valores semelhantes.

Os universais culturais recorrentes das condições de traduzibilidade são; a intromissão modelar, e a simplificação, explicitação ou maior grau de sofisticação decorrentes da posição relativa entre sistemas, ou seja, se o sistema for mais desenvolvido ao passar para outro sistema menos desenvolvido poderá ser compactado, ou até perder informação. Por outro lado, se a mensagem a transmitir partir de um sistema primitivo para um outro complexo, a mensagem tende a ser também mais complexa.

As normas fundamentais que governam a “equivalência” de entidades semióticas na tradução são; a Adequação
, quando a tradução estás mais próxima do texto de partida; e a Aceitabilidade quando está mais próxima do texto de chegada.






Bibliografia:

In: Cadernos de Tradução. Florianópolis: G. T. Tradução / UFSC, 1996.
LAGES, Susana Kampff. "A tarefa do tradutor" e o seu duplo: a Teoria da Linguagem de Walter Benjamin como Teoria da Traduzibilidade. Cadernos de Tradução, [S.l.], v. 1, n. 3, p. 63-88, jan. 1998. ISSN 2175-7968. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/5378/4924>. Acesso em: Out. 2014. doi:http://dx.doi.org/10.5007/5378.

LAL,Telma & GRILO, João. In: Blogue de apoio à disciplina Tradução para os Média da licenciatura em Tradução da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Acesso em: nov. 2015.




© Helena Remina Richlin

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